Ato
Corte de terceirizados gera protestos na UFPel
Comunidade da Faculdade de Educação reclama da precarização após a supressão de postos de portaria, limpeza e segurança
Volmer Perez -
Há menos de uma semana, a manchete do Diário Popular informava que a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), bem como outras instituições federais de ensino da região projetavam cortes em serviços, devido às restrições orçamentárias aplicadas pelo Ministério da Educação (MEC). Na prática, o processo já começou e está sendo sentido pela comunidade acadêmica. A ação gerou reações e, nesta quinta-feira (22), houve um protesto na Faculdade de Educação (FaE), com professores, técnicos administrativos e estudantes reclamando da diminuição no quadro de terceirizados, com efeito direto na qualidade do atendimento prestado.
Uma das professoras da FaE, Valdelaine Mendes, disse que a manifestação foi contra os cortes gerais do MEC, mas também contra as ações que afetam diretamente a unidade, como a eliminação do posto da portaria. "Era uma pessoa que atendia o telefone, entregava os materiais, fazia a interlocução do usuário externo com a universidade", lembra. Agora, além da ausência desta figura, o papel acaba sendo absorvido por outros servidores, de outras áreas, gerando problemas. "Isso vai precarizando o trabalho daqueles que vão ficando sobrecarregados", lamenta, destacando que os terceirizados que continuam têm demonstrado cansaço e temor de perder o emprego.
A professora diz que outros prejuízos, em áreas como limpeza e segurança também são sentidos. Ela destaca que os terceirizados não tiveram qualquer papel na organização do protesto, que contou inclusive com música temática sobre as dificuldades que estão sendo sentidas. Para contar com o apoio da comunidade acadêmica e população em geral, o grupo organizou um abaixo-assinado, com suas demandas.
Posição da gestão
No início da noite, a reportagem falou com a reitora da UFPel, Isabela Andrade. Ela afirmou que a gestão central não tinha conhecimento da manifestação, mas lamentou o momento de precariedade financeira que a instituição vive como um todo. "Algumas decisões foram tomadas para impactar o mínimo possível no funcionamento da universidade (...) se a gente não fizesse essa supressão parcial, dentro de alguns meses talvez a gente não tivesse recursos para suportar as despesas", destaca, citando que isso poderia acarretar até em atraso de salários.
"A gente teve um corte bastante impactante em relação ao orçamento da universidade, com a impossibilidade de reversão neste momento. A gente teve que tomar uma série de atitudes para que a universidade consiga manter suas atividades em pleno funcionamento até o final deste ano", explica. Ela diz que a área de manutenção vai ser a mais afetada, especialmente a partir de outubro, com cerca de 70 vagas terceirizadas a serem suprimidas.
A reitora garante que os cortes foram tomados após análise, prezando pela segurança, mas em pontos onde foi identificada a possibilidade de supressão. "Isso é óbvio que gera um impacto, mas era necessário para que a gente conseguisse manter as atividades da universidade."
Próximo passo
A reitora diz que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) vem fazendo um movimento pela recomposição do orçamento, com reposição inflacionária. "A gente teve aumento de todos os custos: nos contratos, produtos, mas não teve esse mesmo aumento em relação ao orçamento", lamenta. Segundo ela, a luta permanece, mas até o momento não há perspectivas concretas de uma solução.
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